segunda-feira, 30 de maio de 2011

Apresentação: A Ética e os Problemas da Atual Sociedade.



Uma sociedade bem organizada e ideal é aquela onde o direito passa a ser invocado apenas em última instância, quando a prudência humana não conseguir mais pautar as atitudes dos cidadãos enquanto membros de uma comunidade. Esse raciocínio pode ser obtido, inclusive, através de uma análise superficial do Pacto Social, de Rousseau, onde cada indivíduo abriria mão de parte de sua liberdade em prol do bem comum e da ordem social, assim, não seriam necessárias leis que reprimissem ou limitassem as atitudes humanas.

Tal entendimento traz à tona a idéia de que o homem consciente de suas responsabilidades é o homem ético, ou seja, aquele que se utiliza do discernimento pessoal em prol da organização social, limitando suas condutas por princípios morais que sejam comuns aos seus pares. Assim, pode-se afirmar que a ética passa a ser o grande limitador das vontades humanas.

No tocante ao Brasil, alguns apontamentos se fazem necessários quando se busca analisar a ética humana enquanto contrapeso às atitudes da sociedade como um todo. Estamos inseridos numa realidade marcada pela miséria, exclusão social e iníqua repartição de rendas. E em uma sociedade com problemas tão sérios como estes, a responsabilidade ética dos mais abastados para com aqueles que vivem às margens da sociedade deve ser um grande motivo de desconforto, embora todos saibam que o comodismo tomou conta de toda a sociedade brasileira há décadas. Essa responsabilidade moral das classes bem assistidas financeiramente decorre de uma cadeia de políticas públicas ineficazes que durante décadas criou no Brasil uma legião de miseráveis, que clamam por empregos, terras e de seus direitos mais fundamentais.

O grande obstáculo em se promover as necessárias modificações na estrutura de distribuição de renda e de criação de políticas públicas no Brasil está na atual concepção de felicidade, onde são consideradas felizes aqueles que alcançaram o êxito material, ou seja, que possuem bens e poder. Diante disso, os reais valores humanos, como a dignidade e o trabalho, só serão alcançados quando houver uma real reformulação de toda a vida humana, possibilitando que os homens passem a compor uma sociedade mais igualitária e menos capitalista e desigual. Não obstante, a reformulação de tais valores encontra grande empecilho nos hábitos dos cidadãos em quase todas as esferas de atuação. A falta de ética tomou conta da política, das comunicações, da internet, dos profissionais liberais e até mesmo da Igreja, fazendo com que o caráter humano fosse se corrompendo cotidianamente.

Numa sociedade que assiste a sua própria destruição com o passar dos anos, a ética nas atitudes humanas se tornou um elemento indispensável para o futuro de nossa civilização. Enquanto os homens fecharem os olhos para a falta de prudência no uso dos recursos naturais, na aplicação do dinheiro publico e na relativização dos valores da família e do trabalho, deixando o principio do próprio prazer pautar suas condutas em detrimento do principio da responsabilidade, é duvidosa e remota a chance de salvação de nosso planeta a médio e longo prazo. Como causa de parte dessa deterioração fica evidente o fato de os intelectuais ocuparem apenas um lugar de significativa humilhação dentro de uma esfera de importância, onde o dinheiro e a demagogia barata se sobrepõem a qualquer tentativa de progresso.

Nessa primeira postagem de apresentação, procuramos trazer quais as nossas preocupações e quais são os valores que pautarão os textos de nossos autores daqui pra frente. Termino citando o Desembargador José Renato Nalini, que ao analisar a ética humana defende que “a solidariedade mostra-se essencial neste milênio em que se vislumbram sinais de esperança. Enquanto houver quem defenda uma árvore, um animal em extinção, se condoa de uma criança, procure sanar o mal do mundo – seja ele violência, enfermidade, preconceito, corrupção ou indiferença – há sinais de que nem tudo ainda está perdido”.

SEJAM BEM-VINDOS!

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